Sítio da Serra
Leão da Rodésia
ORIGEM
Os primeiros registos conhecidos de cães com crista remontam a 3000 a.C. e têm origem no Egipto, onde podem ser observadas esculturas e pinturas de cães com crista nas tumbas dos faraós. Desde aí, estes cães acabaram por se distribuir por quase todo o continente africano.
As tribos africanas, como os Khoi-Khoi, utilizavam os seus cães para proteger a população e o gado contra leões e leopardos, sendo que aqueles que possuíam uma crista no dorso eram os que melhor desempenhavam esta tarefa. Além disso, eram também utilizados para pastoreio e caça, pelo que se tornaram numa mais-valia para estas tribos.
Durante a colonização, muitos dos cães trazidos pelos europeus para a África do Sul morreram devido à falta de adaptação ao clima e aos perigos da região. Assim, os colonos europeus viram-se obrigados a ter cães mais resistentes, pelo que cruzaram os seus cães, na maioria das raças Bloodhound, Mastiff, Pointer, Greyhound, Terrier, com os cães das tribos como os Khoi-Khoi, transmitindo a crista à descendência. Os cães com crista continuaram a ser seleccionados devido à sua coragem, resistência e habilidade para a caça. Estes eram depois cruzados com Pointer, devido ao olfacto; Greyhound, pela velocidade; Bulldog, pela coragem e robustez; Airedale e Irish Terrier, devido à sua energia e força de mordida; Collie, pela sua estrutura, velocidade, resistência, agilidade e capacidade de pastoreio; Deerhound derivado à sua resistência e altura; entre outros.
Os cães resultantes destes cruzamentos foram muito utilizados por caçadores, sobretudo na zona do Zimbabwe (Rodésia) e Botswana. Caçavam em grupos de 3 a 4 cães (ridgeback dogs) e tinham a robustez e agilidade para cercar e encurralar um leão, o qual seria mais tarde abatido a tiro pelo caçador.
Em 1924 foram inscritos os primeiros cães da raça Rhodesian Ridgeback no South Africa Kennel Union, utilizando o Dálmata como base para definir os padrões da raça.
PADRÃO DA RAÇA
O Rhodesian Ridgeback deve ser forte, ágil, activo e de silhueta simétrica. Deve possuir uma grande resistência e ser veloz. A musculatura não deve ser exagerada.
A crista no dorso, característica da raça, deve estar claramente definida e ser simétrica, com duas coroas idênticas e opostas. As margens inferiores das coroas não devem corresponder a mais de um terço do comprimento total da crista. Existem diversas formas de cristas aceites (ver imagem abaixo).
Ausência de Crista:
Por vezes, na mesma ninhada, podem nascer cachorros com e sem crista. A existência de crista depende de fatores genéticos dos progenitores. Simplificando, a ausência de crista manifesta-se quando ocorre uma combinação de genes recessivos provenientes do pai e da mãe. Dois progenitores com crista poderão originar cachorros com e sem crista, como ilustrado no quadro abaixo.
A ausência de crista impede a participação em exposições caninas e os cães não devem ser utilizados para reprodução.
Esta condição não tem qualquer implicação na saúde dos animais, antes pelo contrário: a probabilidade de desenvolver quisto dermóide (doença relativamente comum nos Leões da Rodésia) reduz significativamente nos cães sem crista. Para mais informações sobre este tema consultar o artigo: https://www.rhodesian-ridgeback-pedigree.org/articles-informations/breeding-and-genetics/avoiding-the-gene-defect-ds/
Pelagem e tamanho:
Quanto à cor da pelagem, esta deve variar entre o trigo claro/dourado ao vermelho escuro. Os pêlos brancos devem ser escassos e são admitidos nos dedos e peito. O excesso de pêlos brancos no abdómen ou acima dos dedos é indesejável. A existência de pêlos negros é altamente indesejável em todo o corpo, excepto no focinho e nas orelhas, as quais podem ter cor mais escura.
Relativamente ao tamanho:
Altura:
Machos: 63 - 69 cm
Fêmeas: 61 - 66 cm
Peso:
Machos: 36,5kg aproximadamente
Fêmeas: 32kg aproximadamente
TEMPERAMENTO
É inteligente, excelente cão de guarda e um óptimo companheiro de família, sendo cuidadoso com crianças. É leal e desconfiado com pessoas estranhas. Tem a característica de ladrar pouco. É activo e gosta de exercício, no entanto é um cão tranquilo em casa. Tem instinto de caça muito vincado. É facilmente educado, mas pode ser teimoso.
SAÚDE
O leão da rodésia é um cão resistente e saudável, sendo esta uma raça com poucos problemas congénitos. No entanto, é necessário ter em conta a incidência de seio dermóide (dermoid sinus), o qual é originado durante o desenvolvimento embrionário e resulta de uma falha na separação entre o tubo neural e a epiderme. É uma patologia hereditária que afecta sobretudo cães desta raça. Além disso, devido sobretudo ao facto de ser um cão de raça grande, é necessário ter em conta determinados aspectos como a displasia da anca e cotovelo, já que estas podem causar uma diminuição na tolerância ao exercício e dor.
Imagem de Vanessa Moyano, El Rhodesian Ridgeback
Legenda:
Na figura, "R" representa o gene dominante para a presença de crista e "r" o gene recessivo para a ausência de crista. Assim existem 3 possíveis combinações genéticas:
R/R - cão com crista e ambos os genes dominantes
R/r - cão com crista mas apenas com um gene dominante
r/r - cão sem risca, sem gene dominante
Dependendo do cruzamento, pode obter-se os seguintes resultados:
R/R x R/R: todos os descendentes R/R e com crista
R/R x R/r: 50%* R/R 50%* R/r - todos com crista
R/R x r/r : todos os descendentes R/r e com crista
R/r x R/r: 25%* R/R, 50%* R/r (75%* com crista) 25%* r/r sem crista
R / r x r / r: 50%* R/r com crista e 50%* r/r sem crista
r / r x r / r: todos os descendentes r/r e sem crista
* valor/probabilidade estatística
Legenda: Leões da Rodésia com e sem crista. Fonte: https://gesunde-ridgeback-zucht.de/